domingo, 28 de fevereiro de 2010

Laize I







LAIZE I


Como um repente que de repente se entoa,
A vida replica tal experiência.
E nos experimenta sensações tão boas,
Destas que quase nunca se têm.
E a Deus pede-se que priorize


De forma sutil surge o amor
E com mais sutileza me é correspondido.
É pétala de flor, é borboleta,
Leves asas que têm poder de causar
Ao bater aqui, furacão em Belize


Lepidóptera princesa de mim,
Que de mim ganhaste o coração
E alma e corpo e eternidade,
Que nem mesmo diferenças de idade
Permitirão que sintonia minimize

Quero ter a constância da sua inconstância,
A rotina de suas surpresas
E a lógica de suas dúvidas pela vida afora,
Tudo ao mesmo tempo agora,
Ao tudo mesmo agora se eternize

Por que se é pra amar, ame-se bem feito,
A vida pra mim tem que ser bem vivida.
Não gosto de nada meia boca.
Gosto da boca inteira,
Do sorriso inteiro de Laize

                                Amon A. Affonso

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CORPO, ALMA E CORAÇÃO. Por Amon Affonso

O Mágico de Oz (coração)



Vivia num mundo distante chamado Oz um Homem de Lata. Destacava-se ele das demais criaturas de lá por não possuir um coração. Isso o fazia sentir-se vazio, descarregado e, como alguns diziam frio, sarcástico e auto-defensivo. O infeliz artefato humanóide versão 3.0 não era ruim. Costumava dar grandes conselhos para amigos e conhecidos, mas fechava-se em isolamento dentro de sua carapaça metálica com regular constância. Porém, num belo dia, chegara ao mundo de Oz uma amável e bela jovem de um mundo distante. Era conhecida por “Pequena L” e trazia consigo o seu pequeno cãozinho preto Borys, presente de uma inestimável amiga, dentre seus inúmeros e não menos inestimáveis amigos.


L e Homem de Lata conheceram-se nas proximidades do início da famosa estrada estrelada de tijolos pretos e prata. Tinha esse nome porque seus tijolos, quando vistos de longe lembravam a configuração de um céu noturno fervilhado por resplandecentes estrelas. Uma vez nessa estrada, eles conversavam sobre quase tudo. Depois de certo tempo, notaram que tinham muitas coisas em comum, mesmo sendo de mundos diferentes. L revelou ao seu companheiro de passeio que sentia muito medo de tudo, pois tudo ali lhe era novo, desconhecido e que, por isso, tinha medo de machucar-se no desconhecido, ou de machucar os outros seres ao seu redor.


Por sua vez, o Homem revelou a ela que sentia algo diferente quando estava com ela, apesar de não ter um coração. Era como se todos os seus circuitos esperassem desesperadamente encontrar um sentimento que até aquela data apenas pensara possuir: o amor. Como L tinha um coração amigável e quente, estava disposta a ajudá-lo. Lata contou que o único jeito de mudar essa complicada situação era encontrar o poderoso Mágico de Oz e que, para isso, teriam que seguir juntos pela tal estrada. Apesar de todo o medo de L por seguir aquele caminho desconhecido, Lata ofereceu-lhe o braço. Com receio e a muito custo decidiram ir adiante.


Apesar de não parecer, Lata também sentia medo do desconhecido, mas procurava não demonstrá-lo e, assim, deixar sua Pequena L ainda mais insegura. Depois de algum tempo, parecia que Lata e L possuíam um só coração. A estrelada rota era cheia de perigos e tristezas, contudo quando um dos dois perdia o ânimo para seguirem juntos, o outro o incentivava. Em suma, descobriram que colecionavam dias cada vez mais felizes dentro da rota. E assim chegaram ao castelo de Oz. Ansioso pelo tal coração, Lata chateou-se quando o Mágico disse-lhe que não podia criar um coração para ele. Sua tristeza, entretanto, fora logo abafada. O mago leu seu misterioso livro de encantamentos e com gestos mágicos aproximou a mão direita do coração de L, dizendo-lhes:


- Vocês agora dividem um só coração, pois eles são a feliz e bem-sucedida réplica um do outro. E depois da tortuosa, porém feliz, estrada da vida que estão atravessando, ninguém conseguirá os separar.



Alice no País das Maravilhas (alma)


Antes de começar a vos contar esta estória, devo fazer aqui uma significativa alteração no nome da sua protagonista. Apesar de Alice estar no título, tiremos o “l” que está entre o “a” e o “i” e transportemo-lo para o início do nome. Pronto. Agora basta que troquemos o “c” por um “z” e voilá! Pois agora que você sabe seu nome digo-lhe que certa feita ela fora tirada de seu mundo habitual para o Mundo das Maravilhas, que nem era tão maravilhoso assim mas que, tinha como regente o honesto Rei de Espadas. Apesar de ser honesto e bom, o rei possuía uma língua afiada como uma espada. Costumava dizer a verdade a todos os seus familiares e súditos, e por causa da tal língua afiada, às vezes magoava-os.


Pois a nossa bela protagonista de 19 anos (como no filme de Alice de Tim Burton, 2010) achava-se dentro desse mundo desconhecido e cheio de surpresas. Fora atraída pra lá depois que o coelho branco, por ordem do rei, causara-lhe surpresa por estar falando. Em face ao mundo novo, e uma vez dentro dele, ela bebeu uma pequena garrafa na qual estava escrito um bilhete com a palavra “beba-me”. Ela então encolheu. Mas isso de longe lhe causava estranheza. Parecia que ela costumava diminuir-se no seu próprio mundo, posto que sua auto-estima era baixa, como ela mesmo lembrava.


Ela, em sua jornada por esse mundo novo, encontrava as mais estranhas criaturas, coisas que nunca vira, situações completamente frescas em sua vida. Isso sim a deixava com receio daquele novo paradigma que vivenciava. Mas ainda assim, gostava do fato de estar sempre presenciando intermináveis surpresas. Por ordem do rei, que a essa altura encantou-se com o sorriso cativante da garota, seu séquito tinha a missão de guiá-la até ele. Ele sempre mandava mensagens a ela. Algumas diretas, outras através de suas fiéis criaturas. Após muitas trocas de informação descobriram que compartilhavam de uma alma gêmea. Tudo lhes era surpreendentemente similar, na forma de agir e pensar, nas preferências e gostos.


Então o honesto e bondoso rei confessou-lhe o amor. Ansiava unir-se a ela. Pois para ele, era a única que ele via como alma gêmea no seu país de surpresas e sonhos. Após ela revelar ao rei que ainda haveria que decidir se aceitava a sua proposta de um relacionamento mais formal, pedindo-lhe indefinido tempo, o rei, com certa tristeza, mas entendendo sua amada consentiu. Eles voltaram a se encontrar e a trocar palavras via magia. Apesar de toda saudade que sentia quando ela deixava seu país, o monarca não conseguia achar alento em mais nenhuma alma. Ele entendia e mantinha esperanças de que um dia ela iria completar suas metamorfoses e tornar-se uma bela borboleta. Ele divagava sozinho em seu castelo:


- Nós dividimos uma mesma alma. Quando ela acabar sua última transformação, será uma linda borboleta, como a Lagarta Azul o fizera. Nesse dia, nosso sorriso será ainda maior do que o do Gato de Chelshire.



Mitologia Clássica (corpo)


Na história mundial muitas são as mitologias conhecidas. Entre os diversos panteões que enriquecem nossa história, e que eram fé, antes do monoteísmo tornar-se popular, estão o egípcio e o grego. Do egípcio, Amon (isso mesmo, meu xará mitológico, hahaha) era o deus maior. Seu equivalente era Zeus no panteão grego ou olímpico. Eles continuariam em seus devidos panteões, sem interagirem entre si, até que...


Até que um dia, em uma viagem exploratória pelo mundo grego, Amon, o deus Sol egípcio, responsável por guiar os mortos para a sua morada eterna, transmutou-se num cavalo, para não atrair a atenção dos estrangeiros. De dentro do mundo de Hades, vislumbrou uma imagem divina. Ele avistara a deusa da caça grega. Não, seu nome não era Diana, como dizem os livros, era Lai. E Lai notara a presença do egípcio disfarçado. Atraído pela beleza sorridente de Lai, Amon aproximara-se meio que involuntariamente da deusa.


Assim que o viu, Lai chamou-o para perto de si. Como um cavalo selvagem, Amon deixou-se ser domado pela divindade. O deus sentia seu coração bater forte. Desejava-a. Desejava-a como jamais desejou nenhuma outra, seja deusa ou mortal. Deixou-se ser levado. Lai, com seu arco de caça partiu bosque adentro, ao encalço de alguns caçadores de borboletas, suas paixões. Ela protegeu-as com a sua rapidez de pensamentos e a sua destreza com a arma. Os homens foram dispersos por ela. Amon assistia a tudo aquilo passível de agir, de tentar safar-se de seus domínios. Sentia-se completamente atraído por aquela deusa.


De volta ao Egito, Amon contara tudo por que passara a seu irmão divino Ozires, o guardião do além. Tudo no mundo dos mortos costumava ser muito monótono. Ozires recebia os mortos e Amon guiava-nos para o seu descanso eterno. Contudo, o humor de Amon mudara, surpreendendo os demais deuses do deserto. Sua alegria levara o Nilo a transbordar com tantos peixes. A criação de caprinos aumentou tanto que seu povo não sentira fome. Isso sem contar os inúmeros oásis que brotavam inesperadamente das inóspitas areias do Saara.


Tudo aquilo tinha uma causa. A flecha de Lai acertara o seu coração. Se o deserto já era um lugar quente, com o novo e intenso calor no coração do deus Sol, tornavam-se escaldantes as instalações do mundo além. Vendo toda aquela situação, Ozires perguntou-lhe qual o motivo de tudo. Amon respondeu a verdade. Sentia um grande amor, seguido de um desejo quase que incontrolável pela atlética deusa olímpica. Mesmo não aprovando aquilo, uma vez que Amon deveria casar-se com a deusa Ísis, Ozires sugeriu-lhe um plano.


De acordo com Ozires, Amon deveria presenteá-la, fazer-lhe um agrado. Isso poderia surpreendê-la, segundo o guardião. Amon não pensara duas vezes. Coletou todas as borboletas do Egito, depois Hermes, o mensageiro dos ventos, o havia informado serem uma das paixões da deusa, como o próprio Amon presenciara também na ocasião da caçada. Coletou também cavalos mais belos e fortes que os do faraó e decidiu então enviar todos eles à Grécia. Para que sobrevivessem à viagem, transformou borboletas em abutres e cavalos em camelos. Mas ele estava tão ansioso que nem cancelou o feitiço depois que os animais aportaram.


Mesmo sob uma lua cheia que diminuía a visão de qualquer caçador, Lai conseguia acertar de longe aqueles animais estranhos ao seu mundo. Nunca avistara abutres ou camelos. Em questão de duas horas de caçada, matou muitos indivíduos. Amon, desesperado, seguiu imediatamente para a Grécia, alertando a deusa sobre o engano. Lai encantou-se com suas borboletas e cavalos e explicou ao egípcio que tinha medo do desconhecido. Depois que o deus confessou seu amor e seu desejo por Lai, ela surpreendeu-se. Perguntou-se por que ele sentira aqui justo por ela, e não por Atena ou Ísis, as quais ela achava bem mais belas. Amon buscou palavras de dentro do seu caloroso coração e disse-lhe, antes que os dois unissem os dois panteões:


- Almejo ter você por inteira. Coração, alma e corpo. Pois é impossível separar um dos demais. O corpo é a presença de seu coração e alma. É isso que os torna tangíveis. De que adiantaria o Sol se não sentíssemos o seu calor na pele, afinal?



MORAL:


Apesar de serem estórias diferentes, a sintonia entre (1) coração, (2) alma e (3) corpo é essencial para o amor solidificar-se. Coração apenas é solidariedade. Alma apenas é cumplicidade. Corpo apenas é atração física. Quando estão em conjunto, coesos e indivisíveis, os três passam a ter um único nome: o sublime e verdadeiro Amor.

Dedicado a você mesma, que já está mudando a minha vida para melhor.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SEM PERSONAGENS


Eu devo confessar que às vezes tenho a impressão de que quando o Criador me
pôs aqui na Terra tudo foi como uma grande peça de teatro que acabara de começar.
Uma grande peça, como um elenco interminável de pessoas que passam por minha vida.
Alguns grandes atores, pois sabiam interpretar muito bem, escondendo suas verdadeiras intenções.
Só que suas arrogâncias e estrelismos falam muito alto, tornando-os insuportáveis.
Outros, com os que criei afeição, não deixavam de ser grandes artistas, pelo contrário,
eram tão bons que decidi seguir seus passos no palco da vida,
e desses escolhi aprender a aprimorar diariamente as virtudes.
Entre esses dons virtuosos estavam o amor, a amizade, a fé, a empatia e a coragem.
Me inspirei neles: foram minhas referências, meus ídolos.
Porém, confesso que não consigo ser estrela, não consigo interpretar no Grand Teatro Terreno.
Aqui, eu sou o que sou. Interpreto a mim mesmo. Não consigo ser uma personagem.
A peça já está em seu 30° ato e eu ainda não aprendi a arte de fingir.
Alguns me dizem que eu devo me esforçar mais, porque só quem sabe mentir terá projeção
para ser um astro. Que falar a verdade não é mais tendência, não dá bilheteria.
Mal sabem que o sucesso que almejo é outro. Ou até sabem e fingem, por despeito.
Faço parte da companhia de teatro "Sou Quem Sou, Goste ou Não". Meu grupo não é
muito grande, mas seus integrantes não decepcionam em entrosamento, união e determinação.
Muitíssimas vezes essa obra da qual fazemos parte ganha contornos de drama.
Meu segredo nessas horas para um desempenho exemplar é não desanimar.
Às vezes ganha feições de comédia. Basta rir,
e com isso aumentar o número dos artistas na sua companhia.
Mas se não funcionar, não se desespere: é stand up comedy, ria de si mesmo.
E se a solidão transformar tudo num monólogo, lembre-se que,
ao nascer, você já levou uma palmadinha.
E pior, que, na ocasião, você estava nu(a), com frio e de ponta cabeça.
A solidão pode ser boa, dessa forma o palco é só seu pra usá-lo.
E se a solidão te trouxer tristeza, não deixe que esta transpareça a
quem te quer ver fora da peça. Amigos são pra essas coisas.
O gênero da peça da vida muda constantemente. 
Adapte as mudanças sem perder a sua essência, a sua verdade.
Nessa peça eu não consigo desempenhar uma personagem. 
Sou Amon Almeida Affonso interpretando a mim mesmo. 
Não me arrependo de não ter o estrelato, não quero apareçer. Não o quero.
Sou quem eu sou. Às vezes, nem eu me entendo.
Tente me entender ...ou não.
Porém prefiro seguir assim no palco da vida. 
E assim será até que as cortinas se fechem. 
Até que ascendam as luzes, eu serei eu mesmo no teatro terreno.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A minha famíla por parte de avô materno!

"Como sempre, em toda estória... eram três irmãos, vindos da Espanha, três fidalgos, sobrinhos do Papa Luna, cujo castelo ainda existe, segundo me contou Deodato Madureira que o visitou em Andaluzia.
Brigaram com o Papa, ou por razões íntimas, aquele os remeteu para o Brasil, terra selvagem e promissora, parece-me até que com Tomé de Souza, Primeiro Governador Geral do Brasil, chegando à cidade do Salvador em 1549.

Eram os ditos fidalgos D. Rodrigo, D. Antonio (casado com a filha do Visconde Ferreira Bandeira) e o terceiro não consegui descobrir o nome. Eles se estabeleceram na cidade de Santo Amaro da Purificação, recôncavo da Bahia, banhada pelo rio Subaé.
Descendo da família de D. Rodrigo de Uzêda Y Luna, dono de uma imensa prole. Maria Joaquina de Uzêda Y Luna avó de minha mãe, casou-se com D. Francisco de Paula Almeida Couto da estirpe do Barão do Desterro e herói do Paraguai. Houve outra Irma donde descende Elmira Pimentel que se casou com um Garcia Gil Pimentel, parente bem chegado do Visconde de São Lourenço Gonçalves Martins, cujo irmão Antonio foi o padrinho do meu ascendente Sergio Cardozo.
Maria Joaquina de Uzêda Y Luna teve com D. Francisco de Paula Couto, os seguintes filhos, não vai ser colocado em ordem de nascimento, pois ainda era menina quando me relataram tudo isto e, depois se falava muito no assunto, mais eu me interessava apenas pela parte romântica existente.
Maria Odília Couto morreu em 1914 antes de eu nascer, Tia Sinhá, não me lembro o nome, mas a conheci era uma bela senhora de cabelos brancos e olhos azuis, que se casou três vezes, teve vários filhos e netos de sobrenomes Fernandes, Coutinho, Acioly, Menford e outros mais, alguns importantes, como Dr. Cerqueira Lima etc, etc.
Os pais de Maria Odilia Couto eram donos do Engenho Quissamã, na antiga Lapa ( arraial, depois distrito de Traripe e hoje cidade desmembrada de Santo Amaro, chamada Amélia Rodrigues em homenagem a uma educadora e poetisa local)Maria Odília Couto se casou com Sergio Cardozo e teve quatro filhos com ele.
Adélia Cardozo Barretto nasceu no dia 24 de julho de 1884 na Fazenda Salgado.
Alarico Cardozo nasceu no dia 28 de abril de 1886 na Fazenda Salgado.
Samuel Cardozo nasceu no dia 18 de julho
Azurah Cardozo Almeida nasceu no dia 14 de fevereiro
Sergio Cardozo nas segundas núpcias se casou com Elisa Costa (mãe Iaiá) com quem teve três filhos: Elisette, Elderico ( Tio Zoza) e Ivan que morreu pequeno.
Elderico casou com Maria José (Menininha)
Elizette Cardozo casou com Dr. Alipio Maia Gomes e teve com ele 4 filhos:
Luiz Cardozo Maia nasceu no dia 4 de abril de 1913
Francisco Cardozo Maia nasceu no dia 11 de julho de 1914
Yara Cardozo Maia nasceu no dia 7 de julho de 1915
Inah Cardozo Maia nasceu no dia 22 de outubro de 1916 – afilhada de Adélia
Yara Cardozo Maia se casou com João Brandão e teve cinco filhas : Isa, Elizete Maria, Amazonina, Yara e Auxiliadora
Origem Materna – Família Sergio Cardozo e Maria Odilia
D. Rodrigo de Uzêda Y Luna ( espanhol) radicado em Santo Amaro da Purificação pai de Maria Joaquina de Uzêda Y Luna Couto, casada com D. Francisco de Paula Couto, pais de Maria Odília Couto que teve com Sergio Cardozo cinco filhos.
1.Dinoraha e Genaro faleceram pequenos;
2.Azurah, casada com Leonel de Almeida e Silva da cidade de Feira de Santana, tiveram três filhos Ivan, Ivette e Raimundo que faleceu pequeno.
Ivan Cardozo Almeida [meu avô] nasceu no dia 18 de julho de 1915
Ivette Cardozo de Almeida nasceu no dia 5 de fevereiro de 1917
Ivan se casou com Doralice Jones [Almeida]. Tiveram duas filhas: Geisa e Thaisa Almeida Affonso.
Thaísa é casada com [Antonio] Alberto [Carvalho] Affonso que têm três filhos: Amon [olha eu aqui!!], Alan e Arany Almeida Affonso.
Ivette se casou com um português Jose de Araujo Barbosa natural de Traz Os , Montes tiveram três filhos: Ivete Margarida, Iolita, Ieda e Raimundo.
Raimundo casou com Nilza Cardozo Barbosa e tiveram três filhos: Veronica, Viviane e Adelino
Iolita se casou com Elisio Albuquerque e tiveram quatro filhos: Rejane,Roberto Ivan Laise e Luciana
3.Adélia Couto Cardozo, casada com Leôncio Barreto dos Santos, também de Feira de Santana e primo carnal de Leonel, tiveram 11 filhos somente sobreviveram a mais velha Vellêda, casada com Antonio Henriques da Rocha Pinto e Nilza Guimarães casada com Gilberto Guimarães que não tiveram filhos.
Vellêda nasceu as 1:30 da madrugada no dia 21 de agosto de 1915. Batizou-se no dia 18de julho de 1916, na Igreja de Nazaretti, distrito de Nazaré na Bahia. Foram seus padrinhos Samuel Cardozo e a professora Maria Esmeralda da Cunha e Silva.
Nilza nasceu as 6:00 da manhã no dia 22 de dezembro de 1920 na casa da rua do Socorro, 9 no Distrito de Brotas. Batizou-se na Igreja de Nazaré, foram seus padrinhos meu pai Sergio Cardozo e Eliza Cardozo minha madrasta [Lúcia Lelis].
Velleda e Antonio não tiveram filhos biológicos mas adotaram judicialmente Lucia Lelis Pinto Ribeiro, casada com Luiz Jorge Martins Ribeiro. Vellêda e Antonio Henriques tiveram duas netas. Fernanda Pinto Ribeiro e Flavia Pinto Ribeiro e duas bisnetas Maria Luiza Pinto Ribeiro de Oliveira filha de Fernanda e Felipe de Couto Oliveira, e Isis Aianai Ribeiro Antonini filha de Flavia e Pablo Alejandro Antonini.
4.Samuel Couto Cardozo, casado com Elvira Costa da cidade de Conquista, não tiveram filhos
5.Alarico Couto Cardozo, casado com Celina Genaro Ribeiro tiveram três filhos: Celina, Dalva ( morreu ainda menina) Samuel e Célia
Origem Paterna: Até onde pude [Lúcia Lelis] conhecer
Nazário Cardozo de Lavas Diamantina
José Joaquim Cardozo casado com Alexandrina Francisca de Morais Cardozo tiveram dois filhos:
Sergio Cardozo nasceu em 7 de outubro de 1858 na Fazenda Salgado, em Berimbau, municipio de Santo Amaro.Foi casado na primeira nupcia com Maria Odília e na segunda nupcia com Elisa Costa
Adélia Cardozo da Silva casada com Marechal Affonso da Silva tiveram uma única filha Alsgá"
 


Brasão da família Uzêda










Brasão da família Luna





Retirado do blog http://velledacardozobarretopinto.blogspot.com/2009/10/historico-da-minha-familia.html editado após corrreção por Amon Almeida Affonso.
 
Por Lúcia Lelis Pinto Ribeiro, a minha Tia Lucinha.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

VERSÃO FRANCESA DA LENDA ARTHURIANA


Em finais do século XII Chrétien de Troyes, um francês, escreve contos sobre as aventuras do Rei Artur, LanceloteGuinevereGawaine,Percival. Sabe-se que Artur e os seus cavaleiros eram personagens populares na época e as histórias a partir da Bretanha de língua céltica e de Gales tinham-se espalhado por outros países. Mas Chrétien, apropriando-se de mitos conhecidos, dá-lhe um cunho pessoal e sobretudo ficam guardados para a posterioridade. 
A partir daí, é um nunca mais terminar: o ciclo da vulgata francesa, o Parzival alemão, o La mort d’Arturde sir Mallory só para citar os mais conhecidos. Alguns escrevem sobre todo o ciclo desde a morte de Jesus Cristo até a morte de Artur, criando uma narrativa de séculos, outros descrevem apenas episódios que acontecem a cavaleiros. São incorporados mitos exteriores sem ligação inicial (a história de Tristão e Isolda, o mito do GraalA Távola RedondaTintagel), novos personagens são criados (Galahad). As obras são traduzidas para todas as línguas do ocidente cristão, reescritas, fundidas, influenciando muito a maneira de pensar (ou pelo menos o conceito do que deveria ser o ideal) dos cavaleiros. No século XVII dá-se uma certa diminuição do interesse, mas não muito, pois na ópera continua-se a utilizar o tema. E o romantismo do século XIX com o seu interesse na Idade Média restaura o interesse (até escritores americanos como Mark Twain o fazem). O século XX, graças ao cinema e desenhos animados, completa o trabalho, mantendo o interesse vivo e permitindo que um maior público tenha acesso; os grupos neo-pagãos também tentam apropriar-se da lenda devido ao seu lado mais místico (centrando-se em MorganaViviane e Merlin por contraposição ao elemento cristão).

A LONG TIME AGO, BEFORE BOB'S OVOMALTINE MILK-SHAKE


SODA DO CAPETA


A primeira versão do milk-shake foi criada no fim do século 19,
nos Estados Unidos. Era um tônico para doentes, feito com leite, 
uísque e chocolate. Havia também quem apreciasse a combinação
de sorvete e soda. Dizem que essa receita foi proibida na cidade 
de Evanston, em Illinois. Ingerir a bebida aos domingos era 
considerado um pecado grave.


                                                                               Paula Desgualdo

O CORVO



      (de Edgar Allan Poe, tradução de Fernando Pessoa)
      Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste, Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais, E já quase adormecia, ouvi o que parecia O som de algúem que batia levemente a meus umbrais. "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
      É só isto, e nada mais."Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro, E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais. Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais - Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
      Mas sem nome aqui jamais!Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais! Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo, "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais; Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
      É só isto, e nada mais".E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante, "Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais; Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo, Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais, Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
      Noite, noite e nada mais.A treva enorme fitando, fiquei perdido receando, Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais. Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita, E a única palavra dita foi um nome cheio de ais - Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
      Isso só e nada mais.Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo, Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais. "Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela. Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais." Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
      "É o vento, e nada mais."Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça, Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais. Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento, Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais, Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
      Foi, pousou, e nada mais.E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura Com o solene decoro de seus ares rituais. "Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais! Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
      Disse o corvo, "Nunca mais".Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro, Inda que pouco sentido tivessem palavras tais. Mas deve ser concedido que ninguém terá havido Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais, Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
      Com o nome "Nunca mais".Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto, Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais. Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
      Disse o corvo, "Nunca mais".A alma súbito movida por frase tão bem cabida, "Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais, Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais, E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
      Era este "Nunca mais".Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura, Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais; E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais, Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
      Com aquele "Nunca mais".Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo À ave que na minha alma cravava os olhos fatais, Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais, Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
      Reclinar-se-á nunca mais!Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais. "Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais, O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
      Disse o corvo, "Nunca mais"."Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
      Disse o corvo, "Nunca mais"."Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais. Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais, Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
      Disse o corvo, "Nunca mais"."Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte! Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais! Não deixes pena que ateste a mentira que disseste! Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais! Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
      Disse o corvo, "Nunca mais".E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais. Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha, E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
      Libertar-se-á... nunca mais!

    THE RAVEN

      by Edgar Allan Poe
        Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary, Over many a quaint and curious volume of forgotten lore, While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping, As of someone gently rapping, rapping at my chamber door. " 'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door;
        Only this, and nothing more."
        Ah, distinctly I remember, it was in the bleak December, And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor. Eagerly I wished the morrow; vainly I had sought to borrow From my books surcease of sorrow, sorrow for the lost Lenore,. For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore,
        Nameless here forevermore.
        And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain Thrilled me---filled me with fantastic terrors never felt before; So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating, " 'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door, Some late visitor entreating entrance at my chamber door.
        This it is, and nothing more."
        Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer, "Sir," said I, "or madam, truly your forgiveness I implore; But the fact is, I was napping, and so gently you came rapping, And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door, That I scarce was sure I heard you." Here I opened wide the door;---
        Darkness there, and nothing more.
        Deep into the darkness peering, long I stood there, wondering, fearing Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before; But the silence was unbroken, and the stillness gave no token, And the only word there spoken was the whispered word, Lenore?, This I whispered, and an echo murmured back the word,
        "Lenore!" Merely this, and nothing more.
        Back into the chamber turning, all my soul within me burning, Soon again I heard a tapping, something louder than before, "Surely," said I, "surely, that is something at my window lattice. Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore. Let my heart be still a moment, and this mystery explore.
        " 'Tis the wind, and nothing more."
        Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter, In there stepped a stately raven, of the saintly days of yore. Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he; But with mien of lord or lady, perched above my chamber door. Perched upon a bust of Pallas, just above my chamber door,
        Perched, and sat, and nothing more.
        Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling, By the grave and stern decorum of the countenance it wore, "Though thy crest be shorn and shaven thou," I said, "art sure no craven, Ghastly, grim, and ancient raven, wandering from the nightly shore. Tell me what the lordly name is on the Night's Plutonian shore."
        Quoth the raven, "Nevermore."
        Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly, Though its answer little meaning, little relevancy bore; For we cannot help agreeing that no living human being Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door, Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
        With such name as "Nevermore."
        But the raven, sitting lonely on that placid bust, spoke only That one word, as if his soul in that one word he did outpour. Nothing further then he uttered; not a feather then he fluttered; Till I scarcely more than muttered,"Other friends have flown before; On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."
        Then the bird said,"Nevermore."
        Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken, "Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store, Caught from some unhappy master, whom unmerciful disaster Followed fast and followed faster, till his songs one burden bore,--- Till the dirges of his hope that melancholy burden bore
        Of "Never---nevermore."
        But the raven still beguiling all my fancy into smiling, Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;, Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore, What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
        Meant in croaking, "Nevermore."
        Thus I sat engaged in guessing, but no syllable expressing To the fowl, whose fiery eyes now burned into my bosom's core; This and more I sat divining, with my head at ease reclining On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er, But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er
        She shall press, ah, nevermore!
        Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer Swung by seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor. "Wretch," I cried, "thy God hath lent thee -- by these angels he hath Sent thee respite---respite and nepenthe from thy memories of Lenore! Quaff, O quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!"
        Quoth the raven, "Nevermore!"
        "Prophet!" said I, "thing of evil!--prophet still, if bird or devil! Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore, Desolate, yet all undaunted, on this desert land enchanted-- On this home by horror haunted--tell me truly, I implore: Is there--is there balm in Gilead?--tell me--tell me I implore!"
        Quoth the raven, "Nevermore."
        "Prophet!" said I, "thing of evil--prophet still, if bird or devil! By that heaven that bends above us--by that God we both adore-- Tell this soul with sorrow laden, if, within the distant Aidenn, It shall clasp a sainted maiden, whom the angels name Lenore--- Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels name Lenore?
        Quoth the raven, "Nevermore."
        "Be that word our sign of parting, bird or fiend!" I shrieked, upstarting-- "Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore! Leave no black plume as a token of that lie thy soul spoken! Leave my loneliness unbroken! -- quit the bust above my door! Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
        Quoth the raven, "Nevermore."
        And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting On the pallid bust of Pallas just above my chamber door; And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming. And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor; And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
        Shall be lifted--- nevermore!

    segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

    CANA AZEDA



    VERSOS DE AMOR
    A um poeta erótico

    Parece muito doce aquela cana.
    Descasco-a, provo-a, chupo-a... ilusão treda!
    O amor, poeta, é como a cana azeda,
    A toda a boca que o não prova engana.

    Quis saber que era o amor, por experiência,
    E hoje que, enfim, conheço o seu conteúdo,
    Pudera eu ter, eu que idolatro o estudo,
    Todas as ciências menos esta ciência!

    Certo, este o amor não é que, em ânsias, amo
    Mas certo, o egoísta amor este é que acinte
    Amas, oposto a mim. Por conseguinte
    Chamas amor aquilo que eu não chamo.

    Oposto ideal ao meu ideal conservas.
    Diverso é, pois, o ponto outro de vista
    Consoante o qual, observo o amor, do egoísta
    Modo de ver, consoante o qual, o observas.

    Porque o amor, tal como eu o estou amando,
    É Espírito, é éter, é substância fluida,
    É assim como o ar que a gente pega e cuida,
    Cuida, entretanto, não estar pegando!

    E a transubstanciação de instintos rudes,
    Imponderabilíssima e impalpável,
    Que anda acima da carne miserável
    Como anda a garça acima dos açudes!

    Para reproduzir tal sentimento
    Daqui por diante, atenta a orelha cauta,
    Como Mársias - o inventor da flauta -
    Vou inventar também outro instrumento!

    Mas de tal arte e espécie tal fazê-lo
    Ambiciono, que o idioma em que te eu falo
    Possam todas as línguas decliná-lo
    Possam todos os homens compreendê-lo!

    Para que, enfim, chegando à última calma
    Meu podre coração roto não role,
    Integralmente desfibrado e mole,
    Como um saco vazio dentro d'alma!

                                                                                                                                     Augusto dos Anjos.